publicado a: 2020-03-09

Como os pesticidas estão a danificar os cérebros das abelhas bebés

Cientistas descobriram que abelhas que consumiram alimentos contaminados por pesticidas em bebés têm cérebros mais pequenos e menos funcionais.

Um novo estudo demonstra que o alimento contaminado por pesticidas, levado para as colmeias por abelhas adultas, afeta os cérebros e a capacidade de aprender das abelhas bebés. O estudo, levado a cabo por investigadores do Imperial College London, prova que as abelhas que consomem pesticidas têm cérebros mais pequenos em adultas.

Os investigadores fizeram um teste com uma colónia de abelhas em laboratório: alimentaram as abelhas bebés com um néctar envolto num tipo de pesticida; após as abelhas crescerem, as suas capacidades de aprendizagem foram testadas e os resultados comparados com os de outras abelhas que não tinham sido alimentadas com pesticidas.

Citado pela CNN, Richard Gill, professor no Imperial College London e um dos autores do estudo, compara a situação com a de um bebé humano exposto a uma substância perigosa quando está no útero da mãe. "As colónias de abelhas funcionam como super organismos, pelo que quaisquer toxinas que entrem na colónia têm potencial para causar problemas no desenvolvimento das abelhas bebés que estão lá dentro", explica.

"Quando as abelhas bebés são alimentadas com comida contaminada por pesticidas, há partes do cérebro que crescem menos, levando a que, quando estas abelhas forem adultas, tenham cérebros mais pequenos e funcionalmente diferentes - um efeito que aparenta ser permanente e irreversível. Os pesticidas estão a colocar estas colónias em risco", alerta o investigador.

A população de abelhas na Europa e na América diminuiu 30% no último século e os cientistas consideram que o papel que os pesticidas têm tido no declínio da espécie - além das alterações climáticas e da destruição do habitat - pode ter sido subestimado.

O desaparecimento das abelhas pode contribuir para a queda da biodiversidade e ter um potencial impacto nos alimentos dos humanos, já que estes insetos polinizam vegetais e frutos comummente consumidos pelo ser humano, como pepinos, tomates, abóboras, amoras e melões.

Comentários